quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Especialista explica a hora certa de comercializar a produção de grãos

Ênio comenta detalhes que fazem diferença para a rentabilidade dos produtores – Fotos: Fredox Carvalho

Produtor da região destaca que bom planejamento antes, durante e após a colheita faz a diferença

Vinicius Domingues indica que as previsões futuras para esta safra ainda são positivas

 Para Schreiner, o produtor deve ter atenção para aguentar os altos e baixos da agricultura

O mercado de grãos é incerto e a instabilidade do clima move os preços da soja e do milho. Com a volatilidade, o produtor precisa se preparar e se planejar para conseguir boas vendas. A receita para obter sucesso é conhecer os custos de produção e se planejar. A observação é do consultor de mercado e palestrante do Fórum de Comercialização e Mercado Agrícola 2017, Ênio Fernandes. Ele marcou presença no evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) dia 6 de fevereiro, na cidade de Itumbiara. Os encontros seguem até o dia 15 de fevereiro, em mais cinco municípios do Estado.
Ênio fez uma análise dos mercados futuros de soja e milho. De acordo com ele, os estoques de soja estão baixos e grande parte da safra 2016/2017 já foi comercializada, por isso o mercado deve se manter positivo para o produtor. Mas o especialista faz o alerta de que o produtor precisa ter o custo de produção na mão e não pode querer vender no melhor preço. “De hoje até abril, ele terá a oportunidade de travar o preço bem acima do custo de produção. Se o preço chegou a 25% de margem, trave um pouco da produção. Mas não pode sempre esperar o melhor preço”, disse.
O analista também destaca diferenças regionais e a conduta no mercado futuro da soja. Segundo ele, produtores da região Sul do País são sempre mais competitivos para a exportação, pois são financiados em real e podem ser mais audazes nas vendas. Para ele, o sojicultor do Centro-Oeste que busca financiamentos em dólar e está mais distante dos portos, deve travar os preços com mais antecipação e precisa ser mais conservador. “Se ele é muito grande, tem que crescer sempre e pouco. O pequeno produtor pode ousar mais. Mas o grande agricultor tem que ser cauteloso e ter o custo de produção sempre na mão. Uma margem de 10% a 20% no preço da soja em relação ao custo de produção, o produtor de Mato Grosso pode vender, enquanto o do Rio Grande do Sul, não”, ressaltou.
De acordo ainda com o especialista de mercado, existe uma receita de sucesso que está sendo aplicada por produtores desde a década de 1970. “Quem tem sucesso em Goiás e Mato Grosso? São imigrantes, trabalhadores focados e extremamente conservadores. Quem teve sucesso foi planejador e não foi afoito”, destacou.

Dentro da margem
Vivenciado isso na prática, o produtor rural de Itumbiara, Wagner Nunes Garcia, destaca que o bom planejamento antes, durante e após a colheita faz a diferença para uma boa safra. Mas aponta que muitos fatores como o clima e as oscilações de mercado podem deixar o plantio incerto. “Começo meu plantio sempre com informações de mercado e, principalmente, de olho nas previsões climáticas. Hoje, se não nos planejarmos não continuaremos na atividade”, disse.
Com 80 sacas por hectare de soja já colhidas, Garcia salienta que a safra 2016/2017 poderia ter sido melhor. Ele aponta que o veranico foi um dos fatores que não auxiliaram no avanço de produtividade na região. “Tivemos perdas em torno de 29% em nossa produção por conta do clima. Mas mesmo assim a safra está correspondendo com o esperado”, apontou o produtor que iniciou o plantio de milho safrinha em 50 hectares da sua propriedade. 
Compactuando com as mesmas incertezas na hora do plantio, o engenheiro agrônomo e gerente de uma propriedade em Itumbiara, Vinicius Domingues, indica que as previsões futuras para esta safra ainda são positivas. Com 1.800 hectares de algodão plantados, o produtor acredita que a cotonicultura também está refém dos preços. “Ainda estamos no início da safra de algodão e tudo indica, pelas previsões futuras, que teremos uma safra muito boa para esta cultura. Mas ainda estamos inseguros com os preços. Esperamos que ocorra um aumento na hora de comercializar”, salientou.

Na ponta do lápis
Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, o produtor deve ter atenção para aguentar os altos e baixos da agricultura. Com isso, segundo ele, adquire-se conhecimento que, sozinho, não é possível alcançar. “Temos maturidade e paciência, mas a parte de comercialização e conhecimento também são primordiais. Precisamos de mais oportunidades como esta, para ouvir profissionais que possam nos contar sobre o cenário atual”, ressaltou se referindo as palestras do Fórum de Comercialização e Mercado Agrícola.
O presidente do Sindicato Rural (SR) de Itumbiara, Rogério Santana, acredita que as discussões trazidas para o Fórum vão ajudar o produtor a se preparar para o início da safra. “O produtor rural, que geralmente faz muito bem seu trabalho da porteira para dentro, porém quando faz da porteira para fora ainda tem dificuldade em comercializar. É importante que o nosso produtor saiba o que fazer com a comercialização de nossos grãos, para contribuir com o aumento da safra”, sinalizou.

(Informações: Comunicação Faeg – Nayara Pereira)

Nenhum comentário: